Café: queda no varejo, alta do grão verde e apreensão entre produtores e torrefadores

O mercado do café vive um contraste entre a redução do preço ao consumidor e a forte alta do insumo. Levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) mostra que o café torrado e moído teve preço médio de R$ 58,99 por quilo em agosto, queda de 12% em relação a maio, quando registrou R$ 70,00/kg — queda atribuída ao avanço da colheita e ao aumento da oferta.

No entanto, a saca de 60 quilos do grão verde disparou quase 25% no mesmo período, chegando a R$ 2.191,00 — o que equivale a cerca de R$ 36,52 por quilo. A valorização acompanha a forte alta dos contratos futuros do arábica na Bolsa de Nova York (ICE), que têm reagido às geadas no Brasil e a medidas tarifárias dos Estados Unidos sobre o produto brasileiro.

O contrato arábica na ICE chegou a ser negociado a US$ 3,80 por libra-peso, o que corresponde a aproximadamente US$ 8,38 por quilo no mercado internacional. Analistas apontam que fatores como tarifas de importação elevadas, estoques internacionais mais enxutos e eventos climáticos adversos devem continuar pressionando os preços da matéria-prima.

Apesar do aumento no custo do grão, a elevação ainda não foi integralmente repassada ao consumidor final — situação que, segundo especialistas, deve mudar nos próximos meses, com tendência de recuperação dos preços ao varejo à medida que produtores e industrias repassarem os custos.

Em resumo: para o café torrado e moído o alívio é temporário, beneficiado pelo pico de oferta; para produtores e indústrias do setor, a preocupação é com o custo do grão verde, que já acena para um cenário de preços mais firmes adiante.